As grandes infra-estruturas destinadas a garantir o abastecimento de água estão, geralmente, associadas aos assentamentos urbanos. Como largas áreas da bacia do rio Kunene são, essencialmente, zonas rurais com baixa densidade populacional, há relativamente poucas infra-estruturas para o abastecimento de água. No entanto, o rio Kunene é uma fonte importantíssima de abastecimento de água para o norte da Namíbia onde habita mais de 40 % da população namibiana.
As infra-estruturas existentes são descritas a seguir:
Abastecimento de Água no Huambo
O Huambo é a maior cidade da bacia e está situada no extremo norte do Alto Kunene, directamente na linha divisória das águas onde nasce o rio Kunene.
Uma parte da água potável fornecida ao Huambo provém do rio Kulimahala, afluente do Kunene, de onde se podem retirar até 1 300 m³/hora para tratamento na estação de Kulimahala, que está situada na extremidade leste da cidade. Daqui, a água tratada é bombeada para uma série de torres de água e, depois, fornecida aos clientes domésticos e aos chafarizes.
O funcionamento da estação de tratamento de água potável de Kulimahala depende da disponibilidade de energia hidroeléctrica da central recentemente reabilitada junto ao rio Cuando (ver Infra-estruturas para a Produção de Energia Hidroeléctrica) situada a cerca de 12 km a sudeste da estação de tratamento.
O Canal de Calueque e a Barragem de Olushandja
Segundo o Terceiro Acordo de 1969, a Namíbia tem direito de extrair água do rio em Calueque até um volume de 6 m³/s. Esta água é depois transferida para fora da bacia do rio Kunene através de um canal aberto, revestido de betão, passando a fronteira para o norte da Namíbia e seguindo na direcção da barragem de Olushandja. Esta está situada a pouca distância além dos limites da bacia do Kunene e é parte integrante do sistema de transferência de Calueque-Oshakati que transporta água potável até mais de 700 000 pessoas no norte da Namíbia (ver Sistemas de Transferência de Água em Massa). A barragem, concluída em 1990, fica a cerca de 20 km a sul de Calueque e tem um volume de 42 milhões de m³ quando cheia (NamPower). Esta barragem destina-se a manter o equilíbrio no volume de água e armazenar água proveniente do açude do Calueque em Angola.
Da água retirada do rio por bomba, até 2,1 m³/s destinam-se ao sistema de irrigação em Etunda, na Namíbia, e a restante é usada para abastecimento de água potável. O período de ponta máxima da demanda de água é em Outubro, mês em que o caudal do Kunene está no seu nível mais baixo. O reservatório de Olushandja serve, portanto para estabelecer e manter o equilíbrio desta demanda.

A barragem de Olushandja durante uma cheia.
Fonte: Amakali 2004
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