Abastecimento de Água e Saneamento nos Centros Urbanos
A guerra civil prolongada e as grandes movimentações da população rural para as principais áreas urbanas colocaram uma pressão crescente sobre os sistemas de abastecimento de água e saneamento, delapidados, e em situação de manutenção muito deficiente. A Estratégia de Desenvolvimento para o Sector da Água e do Saneamento (preparada pela Direcção Nacional de Águas (DNA) e o Ministério da Energia e Águas (MINEA)) documenta a situação do abastecimento de água em 29 capitais de província (excluindo a cidade de Luanda, assim como algumas cidades secundárias), que em conjunto respresentam cerca de 25 % (3,4 milhões) da população total de Angola. A cobertura do serviço diminuiu de um valor estimado de 75 % em 1990 para 51 % em 2000, do qual apenas 16 % dos agregados familiares estão conectados à rede de abastecimento de água potável enquanto a maioria está dependente de chafarizes (locais de fornecimento de água comunitário, onde a água é vendida), torneiras e sistemas de camião-cisterna.
Apesar dos números indicarem que a situação noutros centros urbanos não é melhor do que na capital Luanda, a maioria tem assegurado o abastecimento através de águas subterrâneas. No Huambo, por exemplo, as famílias sem acesso à rede pública de abastecimento de água potável têm frequentemente a possibilidade de extrair água de poços escavados manualmente e, por esse motivo, não são forçadas a adquirir água a preços muito elevados a partir de vendedores privados (como é o caso em Luanda). Mesmo aquelas que usufruem de ramais de ligação domiciliária à rede pública de abastecimento de água potável, complementam muitas vezes o abastecimento canalizado por abastecimento através de água de poços ou furos de exploração. As agências de desenvolvimento instalaram bombas manuais em várias partes do Huambo e construíram infra-estruturas acessórias (lavandarias e sanitários públicos), proporcionando deste modo uma gama mais alargada de instalações aos residentes, comparativamente com os chafarizes em Luanda.
Todos os demais centros urbanos experimentam problemas financeiros graves com níveis tarifários inadequados e taxas de facturação e cobrança muito reduzidas. Isto leva a baixos níveis de manutenção e à continuação da degradação dos activos das infra-estruturas existentes de abastecimento de água.
Em termos de saneamento, além de Luanda, apenas quatro cidades (Huambo, Namibe, Lobito e Benguela) dispõem de sistemas de rede pública de esgotos que servem apenas as áreas centrais (17 % da população urbana). Em geral, os sistemas são alvo de uma manutenção deficiente e estão dependentes de subvenções inadequadas do governo. Uma mistura de fossas sépticas e latrinas secas serve a maioria da população urbana, mas muitos não dispõem de qualquer tipo de instalações sanitárias.
Fonte: Adaptado do Banco Mundial (WB) 2005