Há várias formas de abordar a hidrologia da África Austral, porém a abordagem mais relevante é examinar a distribuição dos rios e as precipitações.
Precipitação
A África do Sul recebe níveis variáveis de precipitação, variando de níveis baixos a níveis bastante bons. As maiores precipitações ocorrem no Verão, com excepção do Western Cape of South Africa que tem um clima temperado. A chuva é altamente variável, quanto à distribuição e intensidade, particularmente nas regiões mais secas (Pallet et al. 1997). A chuva caindo em intensos aguaceiros frequentemente escorre para o leito do rio, quando cai mais rapidamente do que pode ser absorvida pelo solo e pela recarga subterrânea. Muitas áreas, particularmente no Sul e no Oeste, recebem muito pouca chuva (< 250 mm/ano), e estão sujeitas a altas temperaturas e a elevados índices de evaporação. A chuva aumenta em consistência e volume mais ao Norte da SADC, zona mais próxima do Equador.
O mapa abaixo mostra a distribuição média das chuvas na África Austral. Não apresenta o intervalo da variação.

Distribuição regional da precipitação.
Fonte: FAO 2000
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A tabela abaixo apresenta o resumo das estatísticas de chuva e evaporação para a região, incluindo o intervalo das chuvas.
Estatística de Chuva e Evaporação para Países Seleccionados da SADC
País
|
Intervalo de chuva
|
Média pluviométrica
|
Intervalo potencial de evapotranspiração
|
Escorrimento
superficial total
|
mm
|
mm
|
km³
|
mm
|
mm
|
km³
|
Angola
|
25-1600
|
800
|
997
|
1300-2600
|
104
|
130,0
|
Botswana
|
250-650
|
400
|
233
|
2600-3700
|
0.6
|
0,35
|
Lesotho
|
500-2000
|
700
|
21
|
1800-2100
|
136
|
4,13
|
Malawi
|
700-2800
|
1000
|
119
|
1800-2000
|
60
|
7,06
|
Mozambique
|
350-2000
|
1100
|
879
|
1100-2000
|
275
|
220,0
|
Namibia
|
10-700
|
250
|
206
|
2600-3700
|
1.5
|
1,24
|
South Africa
|
50-3000
|
500
|
612
|
1100-3000
|
39
|
47,45
|
Swaziland
|
500-1500
|
800
|
14
|
2000-2200
|
111
|
1,94
|
Tanzania
|
300-1600
|
750
|
709
|
1100-2000
|
78
|
74,0
|
Zambia
|
700-1200
|
800
|
602
|
2000-2500
|
133
|
100,0
|
Zimbabwe
|
350-1000
|
700
|
273
|
2000-2600
|
34
|
13,1
|
Total
|
|
|
4665
|
|
|
599,27
|
Fonte: Pallet et al. 1997
Perdas de água por evaporação e evapotranspiração são extremamente elevadas na África Austral, com uma pequena percentagem da chuva atingindo os aquíferos, através da recarga subterrânea ou recarga superficial, através do escorrimento superficial (Pallet et al.) O mapa abaixo mostra a distribuição da evapotranspiração na região.

Distribuição regional da evapotranspiração.
Fonte: FAO 2000
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Água Superficial
Os recursos superficiais são distribuídos de forma bastante desigual através da região da África Austral. A Namíbia, e grande parte do Botsuana em particular, são esparsamente cobertas, e muitos dos canais através da região, especialmente aqueles sujeitos a baixas precipitações, altas temperaturas e altas taxas de evaporação não são perenes, somente fluem na sequência das chuvas intensas que caracterizam a precipitação na região.
Os escorrimentos superficiais também estão sujeitos à intervenção humana, principalmente, em termos de redução do caudal para a irrigação, abastecimento doméstico e urbano. Represamentos tais como barragens reduzem os caudais, e em muito casos alteram fundamentalmente a hidrologia da bacia hidrográfica. As estimativas oficiais do número de barragens na região da SADC são de 746 (FAO 2000). Esta pesquisa foi feita há dez anos e é muito provável que estes números tenham aumentado substancialmente.

Distribuição da drenagem regional de águas superficiais.
Fonte: FAO 2000
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Água Subterrânea
Devido à disponibilidade limitada de recursos de águas superficiais, a água subterrânea é decisiva para a gestão integrada dos recursos hídricos, particularmente nas zonas rurais distantes de grandes rios ou de sistemas urbanos de abastecimento de água.
O mapa abaixo, desenvolvido pela German Geological Survey e a UNESCO (WHYMAP 2008), documenta a água subterrânea em termos de:
-
Grandes bacias de água subterrânea;
-
Áreas de estruturas hidrogeológicas complexas; e
-
Áreas com aquíferos locais pouco profundos.
O potencial de recarga de água subterrânea, relacionado com as condições climáticas, nomeadamente temperaturas médias, evapotranspiração, factores geológicos tais como a porosidade e os índices de infiltração, é relativamente baixo ao longo da maior parte da região da África Austral, melhorando para o norte, devido principalmente ao aumento da precipitação.

Recursos regionais de água subterrânea e recarga.
Fonte: WHYMAP 2008
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